Dólar dispara e fecha acima de R$ 4,00 pela 1ª vez em mais de 2 anos

O dólar disparou nesta terça-feira (21) e fechou acima de R$ 4 pela primeira vez desde 29 de fevereiro de 2016, após o resultado de pesquisa Ibope para a Presidência da República. Foi o quinto pregão consecutivo de alta.

A moeda norte-americana terminou o dia em valorização de 2% em relação ao real, vendida a R$ 4,0358. Na máxima do dia, chegou a bater R$ 4,0373. Veja mais cotações

No ano, o dólar acumula alta de 23,8%, segundo o ValorPro. O dólar turismo, sem cobrança de IOF, era vendido a R$ 4,20 nesta terça.

Internamente, os investidores repercutiram ao longo da sessão a divulgação das primeiras pesquisas de intenção de voto após a inscrição das chapas candidatas às eleições de outubro, que mostraram um cenário ainda incerto sobre a disputa presidencial. Eles temem a liderança de candidatos considerados menos comprometidos com as reformas fiscais.

“O novo patamar do dólar nesse novo cenário é entre R$ 4,20 e R$ 4,50”, afirmou à Reuters o economista da corretora Nova Futura, Pedro Paulo Silveira. Outros analistas ouvidos pelo G1 não descartam que a cotação chegue próximo dos R$ 5.

Com as turbulências, a bolsa brasileira fechou em queda de 1,5% nesta terça-feira, ao redor dos 75 mil pontos.

No exterior, o dólar recuava em relação a uma cesta de moedas e também ante divisas de países emergentes após o presidente Donald Trump, em entrevista à Reuters na véspera, ter criticado a política de aumento de juros do Federal Reserve, banco central norte-americano.

Diante da incerteza eleitoral, o mercado de juros futuros também sofreu forte ajuste nos preços dos contratos nesta terça. Os DIs mais longos, com vencimento entre 2025 e 2027, tiveram alta de quase 0,5 ponto percentual, segundo o Valor Online.

Risco-país

A economia brasileira sofre os efeitos do calendário eleitoral devido à indefinição sobre o próximo governo e a política econômica a ser adotada a partir do próximo ano. Com isso, cresce a percepção de risco dos investidores internacionais em relação à economia brasileira. Entre as principais economias latino-americanas, o risco do Brasil só subiu menos que o da Argentina.

O dólar em alta é o indicativo mais visível do crescimento da desconfiança dos investidores em relação ao Brasil.

Atuação do BC

O Banco Central brasileiro ofertou e vendeu integralmente 4,8 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, rolando US$ 3,6 bilhões do total de US$ 5,255 bilhões que vence em setembro.

Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.

“Não há pressão de demanda nem por proteção cambial e nem por demanda no mercado à vista, sendo que a alta do preço decorre do emocional e psicológico, fatores imponderáveis, não alcançáveis por intervenção do BC, que se ocorrer será inócua”, disse à Reuters o economista e diretor-executivo da NGO Corretora, Sidnei Nehme, questionado sobre a possibilidade de o Banco Central atuar por meio de leilões extraordinários de swap.

Última sessão

Na véspera, o dólar fechou cotado a R$ 3,9566, na maior cotação desde fevereiro de 2016. Até então, a última vez que o dólar tinha encerrado uma sessão acima de R$ 3,95 havia sido no dia 29 de fevereiro de 2016 (R$ 4,0036).

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