Em um piscar de olhos, o Pix conquistou o coração dos brasileiros e se tornou a forma de pagamento mais popular no país. Lançado como uma alternativa aos tradicionais TED e DOC, o Pix oferece a conveniência de realizar pagamentos instantâneos a qualquer hora e dia da semana. Agora, suas funcionalidades estão se expandindo, e ele pode estar prestes a competir com os cartões de crédito.
Enquanto o Banco Central discute limites para o uso rotativo de cartões de crédito e implementa medidas para promover pagamentos instantâneos, bancos e fintechs estão avançando e já oferecem o “Pix parcelado”. Essa opção permite que os consumidores dividam suas compras em até 24 vezes, com a cobrança de juros.
No entanto, é importante que os consumidores exerçam cautela ao considerar essa opção, especialmente em um país com mais de 70 milhões de pessoas endividadas, de acordo com dados da Serasa.
O Pix parcelado, também conhecido como Pix garantido ou Pix crédito, faz parte dos planos do Banco Central, embora ainda não haja uma data definitiva para seu lançamento. No entanto, diversos bancos já estão na vanguarda, oferecendo essa modalidade de pagamento aos seus clientes.
O funcionamento do Pix parcelado é semelhante ao parcelamento com juros no cartão de crédito. Em alguns casos, o limite do cartão de crédito do cliente está envolvido, enquanto em outros, é vinculado a um tipo de empréstimo oferecido pelo banco.
Na prática, o lojista ou pessoa física recebe o pagamento imediatamente, e o correntista é responsável pelos juros do parcelamento, que tendem a aumentar com o número de parcelas. Por exemplo, no Nubank, os clientes podem escolher usar seu saldo em conta ou o cartão de crédito para parcelar uma transferência na “Área Pix”, e as taxas variam de acordo com a política de crédito do banco. No entanto, é importante notar que um Pix de R$ 50 parcelado em 12 vezes pode ter um aumento de 30%, enquanto em uma única parcela, a taxa foi de 4,92%.
Luigi Iervolino, sócio da consultoria Bip, esclarece que, nesse modelo, o banco assume o risco de crédito em vez do vendedor. Além disso, para o lojista, receber imediatamente é uma vantagem em comparação com o cartão de crédito, onde o pagamento pode levar até 30 dias.
No entanto, até que o Banco Central oficialmente lance essa solução, os benefícios para o consumidor são limitados, pois ainda dependem da aprovação de crédito e podem enfrentar taxas elevadas. O Itaú, por exemplo, permite realizar uma transferência Pix e pagar posteriormente, sujeita a análise de crédito. O Bradesco oferece uma operação de crédito para transações Pix sem saldo, permitindo o parcelamento dos valores da operação, mas isso é feito na seção de “empréstimos” e “crédito parcelado”. Ivan Habe, líder de pagamentos da EY, observa que os produtos de “Pix Parcelado” geralmente estão ligados ao crédito pessoal, o que permite ofertas personalizadas com base no perfil do cliente, reduzindo o risco de inadimplência.
No entanto, é crucial destacar que o uso do parcelamento Pix não deve ser feito de forma indiscriminada. Além das taxas já embutidas nas parcelas, o custo do crédito pode se tornar ainda mais elevado se os pagamentos não forem feitos pontualmente. Como explicado por um especialista: “Esse serviço se assemelha ao empréstimo pessoal. É importante ressaltar que não se trata apenas dos juros do parcelamento; também é preciso considerar que há custos adicionais associados à inadimplência ou ao não pagamento das parcelas na data de vencimento.”
Desde dezembro do ano passado, o Banco do Brasil registrou mais de 163 mil contratações de parcelamento de Pix, com valores iniciais a partir de R$ 100. Os clientes interessados podem acessar a opção BB Parcela Pix dentro do ambiente do Pix para obter informações sobre as taxas de juros de acordo com seu perfil.
Por sua vez, o Santander oferece a possibilidade de parcelar o valor do Pix, mediante juros, em até 24 vezes, com a primeira parcela podendo ser paga em até 59 dias. O valor mínimo para contratação é de R$ 100, e as parcelas devem ser de pelo menos R$ 5.
A opção de pagamento parcelado via Pix também está disponível para clientes da conta digital do Banco Pan que têm acesso a empréstimos pré-aprovados. Essa oferta é válida para transações a partir de R$ 100, com a opção de parcelamento em até 24 vezes.
No entanto, o educador financeiro Adenias Filho aconselha cautela ao utilizar essa nova modalidade de crédito. Segundo ele, sem um controle adequado do orçamento pessoal, as dívidas podem aumentar rapidamente: “Qualquer nova modalidade de crédito deve ser cuidadosamente avaliada. Se o objetivo é consumir, é importante que a pessoa considere a possibilidade de economizar antes de comprar, o que pode resultar em custos mais baixos.” Ele continua: “Recorrer a empréstimos para consumo não é a melhor escolha. É fundamental ter cuidado para não comprometer a renda. Atualmente, até os vendedores ambulantes oferecem máquinas de cartão de crédito, o que pode ser mais vantajoso, dependendo das taxas envolvidas.”