O diploma de doutor honoris causa supostamente concedido ao ex-presidente Lula não é oficial, segundo a Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB). A fotografia do diploma foi divulgada no sábado (19) no Twitter pelo sociólogo Emir Sader e ganhou as redes sociais por conter dois erros de português.
O primeiro dos equívocos é uma vírgula que separa sujeito e predicado: “A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, (sic) concede ao maior presidente da República do Brasil”. O segundo erro é na assinatura do diploma, autorizado por “dicentes” em vez de “discentes” (alunos).
Contatada por Zero Hora, a assessoria de imprensa da UFRB, criada durante o governo Lula em 2005, diz que o diploma não foi concedido pela universidade e que a instituição respeitou a decisão expedida na quinta-feira (17) pelo juiz Evandro Reimão dos Reis, da 10ª Vara Federal Cível da capital baiana, de proibir a outorga do título a Lula.
Questionada se a entrega do título informal a Lula, feita por estudantes, ocorreu dentro das dependências da universidade, a assessoria de imprensa da UFRB afirma que a cerimônia não ocorreu dentro da instituição e que desconhece a origem da homenagem. Reforça, ainda, que não houve entrega de diploma durante o encontro do petista com o reitor Silvio Soglia, que ocorreu na sexta-feira (18).
Entenda o caso
A UFRB anunciou na quarta-feira (16) que entregaria o título de doutor honoris causa a Lula pela “relação do ex-presidente com a expansão e a interiorização do ensino público superior”.
O vereador de Salvador Alexandre Aleluia (DEM) entrou com recurso pedindo que a Justiça cancelasse a entrega do diploma. Ainda na quinta-feira (17), o juiz Evandro Reimão dos Reis acolheu o pedido e proibiu a UFRB de conceder a condecoração ao petista. Na sexta-feira (18), a UFRB anunciou que cancelaria a entrega da honraria.
Em nota, reafirmou que pretende entregar o título a Lula “como forma de reconhecimento do seu legado à expansão e interiorização do Ensino Superior público no Brasil”. Disse, ainda, que a decisão da Justiça Federal “fere um dos princípios fundamentais das universidades públicas que é a autonomia universitária”.
No mesmo dia, o Conselho Universitário da instituição fez um ato para protestar contra a decisão do juiz. Ao fim do ato, Lula se reuniu com o reitor da instituição.