Famílias brasileiras desperdiçam mais de um salário mínimo por ano jogando comida no lixo, diz pesquisa

Um recente levantamento realizado pela empresa de alimentos Hellmann’s revelou que as famílias brasileiras estão desperdiçando uma média de R$ 1.630 por ano em comida, um valor que ultrapassa em mais de R$ 300 o salário mínimo atual de R$ 1.320. Os dados alarmantes foram obtidos com base em informações da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

O estudo, que entrevistou 867 pessoas com mais de 18 anos de todas as classes sociais e regiões do país em julho deste ano, apontou que 82% dos entrevistados admitiram ter jogado alimentos no lixo no mês anterior. A análise também revelou que o desperdício aumenta à medida que a renda familiar é maior e a idade dos consumidores é mais jovem.

Famílias brasileiras desperdiçam mais de um salário mínimo por ano jogando comida no lixo, diz pesquisa
Famílias brasileiras desperdiçam mais de um salário mínimo por ano jogando comida no lixo, diz pesquisa — Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O desperdício alimentar é influenciado por diversos fatores, incluindo hábitos e falta de atenção dos consumidores. Cerca de 44% dos entrevistados mencionaram ter esquecido ingredientes na geladeira, resultando no descarte desses alimentos em bom estado. Da mesma forma, 44% jogaram fora sobras de panelas e pratos após as refeições, e 38% descartaram produtos por terem ultrapassado o prazo de validade.

Entre os alimentos mais desperdiçados estão o arroz, os legumes e as saladas, que foram citados por 1 a cada 3 entrevistados. Segundo o levantamento, a segunda-feira é o dia da semana mais propenso ao desperdício, seguido pelo domingo e pela sexta-feira, já que esses são os dias em que mais sobras de alimentos são encontradas nas residências.

O estudo também apontou disparidades no desperdício entre diferentes classes sociais e faixas etárias. As classes mais ricas (A e B) lideram o ranking de desperdício, com 89% dos entrevistados admitindo jogar comida fora, seguidas pela classe C, com 80%, e pelas classes mais baixas (D e E), com 78%.

Esses números contradizem a realidade da fome no Brasil e no mundo. De acordo com um relatório da ONU, milhões de brasileiros enfrentam insegurança alimentar, enquanto globalmente, 735 milhões de pessoas (9,2% da população) não tiveram acesso adequado a alimentos nos últimos três anos. Especialistas enfatizam que a implementação de políticas públicas eficazes é crucial para reduzir o desperdício e combater a fome.

“Os dados deixam claro que ninguém quer jogar comida no lixo, mas reforçam alguns gatilhos que levam ao desperdício”, observa o estudo. “Até o ano de 2030, muito tem que ser feito. Os países têm que pensar de uma forma unificada em modificar os sistemas alimentares e nutricionais para que a gente consiga atacar os problemas”, destaca Daniel Balan, representante do Programa Mundial de Alimentos (WFP) e diretor do Centro de Excelência contra a Fome.

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