Exame de CNH vai ficar mais difícil com fim das autoescolas? Entenda

O governo federal, por meio do Ministério dos Transportes, apresentou uma proposta — atualmente em análise pela Casa Civil — que busca acabar com a obrigatoriedade de frequentar autoescolas (CFCs) no processo de obtenção da CNH (categorias A e B).

A ideia é flexibilizar o caminho, oferecendo cursos teóricos via EAD na plataforma do Senatran, em autoescolas ou escolas públicas de trânsito. As aulas práticas, por sua vez, deixam de exigir carga horária mínima obrigatória. O candidato poderá treinar com instrutor autônomo credenciado ou familiares, desde que apto ao exame teórico e prático seja comprovado.

O principal argumento é a redução de custos: o valor médio da CNH é hoje em torno de R$ 3.200 a R$ 4.000, com até 80% desse valor relacionado às aulas nas autoescolas. A proposta, se aprovada, pode reduzir esse custos em até 80%.

E quanto à dificuldade dos exames?

Provas permanecem — mas com maior peso

Mesmo com o fim da exigência das aulas, os exames teóricos e práticos continuam obrigatórios. A ideia é que o candidato com conhecimento e habilidade suficientes passe no exame, independentemente de ter feito o curso forma tradicional. Isso, na prática, exige mais rigor: sem a preparação obrigatória, a prova se torna o único filtro para garantir que o candidato esteja apto.

Mais autodisciplina, menos preparo padronizado

Sem o suporte das autoescolas, o futuro condutor terá que estudar por conta própria, buscar material confiável ou contratar um instrutor credenciado — mas autônomo. Isso pode significar dificuldades adicionais na preparação, sobretudo para aqueles sem acesso a conteúdos bem estruturados ou sem capacidade de autodidatação .

Críticas quanto à qualidade e segurança

O setor das autoescolas, representado pela Feneauto, critica o modelo como uma possível “uberização” da CNH. A principal preocupação é que a formação possa perder qualidade sem a estrutura dos CFCs, com riscos de fraudes, queda na qualidade do ensino, e aumento de acidentes. Além disso, tem-se alertado para impactos econômicos, já que a medida poderia gerar grandes prejuízos ao setor e perda de empregos.

Comparação entre os modelos

Aspecto Modelo Atual (Obrigatório) Modelo Proposto (Facultativo)
Aulas teóricas e práticas Obrigatórias (carga mínima definida) Facultativas; preparação autônoma ou instrutor credenciado
Custo médio da CNH R$ 3.200 – R$ 4.000 Redução estimada de até 80%
Exames Obrigatórios, com preparo nas autoescolas Mantidos; exigência de conhecimento e habilidade reforçada
Preparo do candidato Estruturado e padronizado Discreto, variado; depende de autodidatismo
Principais preocupações Menor Qualidade do ensino, fraudes, segurança viária

Sim, é provável que o exame de CNH fique mais difícil, no sentido de exigir preparo próprio mais eficaz, uma vez que as aulas de formação deixam de ser obrigatórias. Sem o suporte padronizado das autoescolas, o candidato precisará demonstrar maior autonomia, disciplina e capacidade de aprender por conta própria.

Por outro lado, o objetivo do modelo é mais inclusivo: reduzir custos, ampliar o acesso à habilitação (inclusive de mulheres e pessoas de baixa renda), e modernizar o processo.

Ainda assim, especialistas e o setor alertam que a segurança não pode ser sacrificada em prol da flexibilização — e a proposta ainda precisa avançar em debates e regulamentações eficazes.

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